O
QUE É CULTURA DA PAZ
A
noção de Cultura da Paz, provavelmente, tem sido formulada de modo
mais compreensível a partir da Resolução da Assembléia Geral da
ONU 53/243 de setembro de 1999, que teve o título: Declaração e
Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz.
O
ano de 2000 foi proclamado o Ano Internacional da Cultura da Paz,
pela Secretaria Geral das Nações Unidas, com o objetivo de celebrar
e encorajar a Cultura da Paz.
A
expressão ganhou impacto a partir disso, mas a essência da ideia é
bem mais antiga. Ativistas pela paz trabalham por um mundo melhor
desde os tempos mais remotos.
De
acordo com a ONU, Cultura da Paz é um conjunto de
valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida
baseados:
-
No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática
da não violência por meio da educação, do diálogo e da
cooperação;
-
No pleno respeito aos princípios de soberania, integridade
territorial e independência política dos Estados e de não
ingerência nos assuntos que são, essencialmente, de jurisdição
interna dos Estados, em conformidade com a Carta das Nações Unidas
e o direito internacional;
-
No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais;
-
No compromisso com a solução pacífica dos conflitos;
-
Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e
proteção do meio-ambiente para as gerações presente e futuras;
-
No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento;
-
No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de
mulheres e homens;
-
No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de
expressão, opinião e informação;
-
Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia,
tolerância, solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade
cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis da sociedade e
entre as nações.
Diversas
pessoas e instituições em todo o mundo aderiram à declaração da
ONU sobre Cultura da Paz e se empenham na concretização de seus
ideais.
O
conceito de paz também vem mudando no decorrer das últimas décadas,
partindo da definição tradicional da paz como ausência de guerra e
chegando a uma visão holística que integra a busca da paz interior
com a busca da paz entre os homens e com a natureza.
De
acordo com a Carta da Terra (2002), “a paz é a plenitude criada
por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras
culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual
somos parte”.
Assim,
adotando um conceito holístico, podemos dizer que a construção da
paz abrange três eixos: paz interior (capacidade de cuidar bem de si
mesmo), paz social (capacidade de cuidar bem dos outros) e paz
ambiental (capacidade de cuidar bem do ambiente em que se vive).
Há tempos, vivemos em meio a uma cultura da violência e muitos não se apercebem disso. A violência é tratada na sociedade como entretenimento e espetáculo. As crianças crescem assistindo a desenhos animados onde a violência é o foco. A venda de material violento (filmes, videogames, armas de brinquedo) é sempre bem-sucedida. O noticiário vende a violência como espetáculo. A história que estudamos na escola é baseada nos heróis de guerra e não nos heróis da paz. A paz, dessa forma, é o lado oculto da história. Os heróis fictícios que as crianças e jovens aprendem a admirar combatem a violência com a violência. As canções infantis mais populares possuem letras terroristas. Nas artes, em geral, predominam formas e conteúdos violentos. O esporte, via de regra, é utilizado como veículo para degladiação. Fazemos guerras de competição desde as brincadeiras da infância, onde participantes vão sendo eliminados até que haja vencedores e vencidos. No campo religioso, muitos pregam o amor, mas poucos o praticam, utilizando suas idéias religiosas para ferir, condenar e promover guerras “santas”.
Há tempos, vivemos em meio a uma cultura da violência e muitos não se apercebem disso. A violência é tratada na sociedade como entretenimento e espetáculo. As crianças crescem assistindo a desenhos animados onde a violência é o foco. A venda de material violento (filmes, videogames, armas de brinquedo) é sempre bem-sucedida. O noticiário vende a violência como espetáculo. A história que estudamos na escola é baseada nos heróis de guerra e não nos heróis da paz. A paz, dessa forma, é o lado oculto da história. Os heróis fictícios que as crianças e jovens aprendem a admirar combatem a violência com a violência. As canções infantis mais populares possuem letras terroristas. Nas artes, em geral, predominam formas e conteúdos violentos. O esporte, via de regra, é utilizado como veículo para degladiação. Fazemos guerras de competição desde as brincadeiras da infância, onde participantes vão sendo eliminados até que haja vencedores e vencidos. No campo religioso, muitos pregam o amor, mas poucos o praticam, utilizando suas idéias religiosas para ferir, condenar e promover guerras “santas”.
Todos
nós nascemos com potencial de amor e agressividade, sendo necessário
expandir o primeiro e canalizar o segundo para fins construtivos. E
todos nós, religiosos, ateus, cientistas, artistas, professores,
garis, comerciantes, empresários, crianças, jovens e adultos, seja
qual for o ambiente e as circunstâncias em que estejamos situados,
deveríamos trabalhar pela construção dessa Cultura da Paz. Não
simplesmente em razão de crenças, filosofias e ideais, pois
trata-se de algo que vai além da mera crença particular. Trata-se
de uma questão de necessidade
(individual, social e ambiental) que deve ultrapassar o
campo do partidarismo filosófico, político ou religioso. Ou buscamos construir a paz ou a nossa própria existência corre sérios riscos.
A violência é uma das facetas da
realidade e está presente sob um infinidade de formas: física,
psicológica, social, econômica, ambiental, institucional, legal,
explícita, travestida, cultural, religiosa, artística, esportiva,
comissiva, omissiva etc. Entretanto, sedimentar a crença de que o
mundo está irremediavelmente violento e que para ele não existe
solução é fechar os olhos, tapar os ouvidos e cruzar os braços
para o esforço cotidiano de milhões de pessoas que estão
trabalhando pela construção da paz e por um mundo melhor.
Nesse sentido, a Cultura da Paz não deve ser vista como uma
tentativa de uniformizar culturas ou mesmo substituí-las por uma
única cultura. A rigor, não existe "uma cultura da paz",
mas sim "culturas de paz". A expressão "Cultura da
Paz", no singular, deve, pois, ser entendida como um "coletivo",
não como proposta de homogeneizar culturas ou estabelecer uma
monocultura. Em todas as culturas que permeiam o planeta, há
elementos que promovem a paz e elementos que promovem a violência. O
que pretende a Cultura da Paz é ser a soma e a interação daqueles vários elementos de culturas diversas que promovam a paz.
O nosso grande desafio é encontrar meios de globalizar o amor, o
perdão e a tolerância com a mesma eficiência dedicada à
globalização da violência.
Precisamos, independentemente de nossas profissões ou crenças,
atuar como ativistas sociais, ambientalistas e construtores da paz.
E, certamente, conseguiremos transformar este planeta num mundo
melhor.
Clésio
Tapety
www.culturadapaz.com
www.culturadapaz.com
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